Quem me acompanha há mais tempo, sabe que uma das frases que mais repito nos meus textos é: a vida muito adulta.
Adulta: essa palavra-sentença. Sem escapatória.
A vida adulta é de extremos, alguns alívios, muitas preocupações e desconfortos. Escolhas que aliviam uma carga pesada, escolhas que sobrecarregam a carga pesada. Que esmagam. Que trazem alguma beleza.
Tempo Estranho (agora antigo nome desta newsletter) nasceu de um sentimento. Das turbulências dentro de mim. Do auge da minha obsessão pela música Strange Weather, da Anna Calvi, que foi uma das músicas da série Normal People. A tradução é sobre a vida muito adulta e os relacionamentos confusos, conturbados, solitários. Então fiquei obcecada pelo título. O coloquei em um conto. Reescrevi o conto. Esqueci o conto. Quem vai ler o conto? Assassinei o conto!
Eu amo o título Tempo Estranho, mas acho que ele não funciona tão bem aqui na newsletter. Ele parece muito estranho. Quem me encontrou aqui, talvez tenha tido outra impressão ao ler o título pela primeira vez. Talvez ele tenha passado a ideia de esta ser uma newsletter estranha, com temas estranhos ou de no mínimo ser escrita por uma pessoa estranha. Não sei, posso estar equivocada. E embora eu me ache estranha, aparentemente não posso sustentar essa imagem que tenho de mim, pois sou entediantemente comum.
Tempo estranho sustentou muito dos meus sentimentos mais íntimos, mais escuros, porque constantemente pinto meu céu de preto. Tempo estranho sustentou essa estranheza que é a vida. Mas é sempre algo que tenho que explicar. Ficou muito aberto à interpretações e expectativas da primeira impressão.
Já faz uns meses que não me sinto mais disposta a manter o título Tempo Estranho. Sei lá, estou estranha! O mundo também.
A partir de agora esta newsletter passa a se chamar:
A ADULTA.
A newsletter A adulta me parece mais alinhada com as temáticas. É bem perto de A idiota, da Elif Betumam, um título que amo. É simples. Gosto de simples.
A “identidade visual” continuará a mesma, pois apesar de amar cores, o preto e branco traduzem melhor meu pensamento criativo. Black beauty. E é simples. Embora a vida adulta não seja. A árvore sem folhas é como me sinto na maior parte do tempo. Ainda de pé, ainda parte de algo, mas faltando muito. Uma árvore sem folhas ainda pode ser chamada de árvore?
Com quantos medos e faltas se faz um adulto?
Tenho passado por mudanças dentro de mim. O subtítulo desta newsletter é um mantra. São os versos iniciais da minha música favorita da vida: New dawn fades, do Joy Division.
Quero trazer aqui outras partes de mim, a parte menos melancólica também. Li alguns textos antigos, e preciso de uma mudança de cenário. Quero trazer aqui mais textos autorais, trechos dos meu livro, dos meus processos. Quero compartilhar estudos sobre a escrita, experimentações, coisas que me deixam obcecada.
Estou procurando por mim. Vou encontrar? Não, não me peçam confirmações.
A adulta é uma tentativa.
Gostaria de saber de vocês, que tiram um pedacinho do seu tempo na vida muito adulta para abrir um newsletter minha, o que acharam?
◖Você também me encontra aqui:
Até a próxima!
eu amei o novo título, que venha a nova fase com textos tão incríveis quanto os que eu já li até aqui. ás vezes eu penso que batizei minha newsletter muito na pressa e o título não diz absolutamente nada. mas não sei se devo mudar. eu adorei a sua mudança, talvez eu me inspire e mude também.
gostei... mas você promete que os boletos não vêm junto? rs