Fernanda Torres é muito. A escritora e a atriz. Premiada em ambos. Ela não é só a filha da Fernanda Montenegro. Torres é uma artista por si mesma.
Estou meio que hipnotizada por ela. Olho para suas fotos de juventude, essa beleza não óbvia demais — e digo isso como um super elogio, porque belezas não óbvias são selvagens. E Fernanda continua não óbvia. E que artista que temos! Que talento selvagem também. É preciso uma selvageria para ser um artista. Dentes canibais para devorar a pele que habitamos até nos tornarmos.
Pesquisando, descobri que sua primeira novela foi Selva de Pedra (1986), de Janete Clair, sobre a qual Torres disse: “Amava a novela, mas não nasci para fazer mocinha”. E eu entendo. Mocinha. Esse é o papel no qual querem todas as mulheres desde o nascimento. É importante sabermos o que não somos e que tipo de artista seremos.
Finalmente comecei a ler seu primeiro romance, Fim, lançado pela Companhia das Letras em 2013. Estou fascinada, obcecada. Eu sempre tenho receio de ler um livro de alguém que não é exclusivamente da escrita, mas ao julgar pelo que li até o momento, mais da metade, digo que Torres é uma legítima escritora. Ela me fisgou de tal maneira que ouso colocá-la entre minhas escritoras brasileiras favoritas da vida.
No livro, um grupo de amigos revisitam memórias, amores, erros, desilusões.
A vida muito adulta.
E o que dizer de sua atuação em Eu sei que vou te amar, com direção de Arnaldo Jabor, lançado em 1986? É primoroso, imenso. Disseca um relacionamento de forma poética, intensa e atômica.
E Terra Estrangeira, com direção de Walter Salles e Daniela Thomas, lançado em 1995? Aquela fotografia urbana, em preto em branco, o momento histórico da década de 90 no Brasil, a busca da vida melhor em Portugal, a desilusão, a saudade, a tentativa e o perigo. Tudo majestoso.
Fernanda cantando Vapor Barato, da Gal, foi um acerto. Às vezes, a trilha sonora também é a história, é como um órgão vital para a narrativa.
Fernanda mostrou ao longo de sua carreira que é uma atriz completa. Sua personagem Fátima, na série Tapas e Beijos, que foi ao ar na Globo durante os anos de 2011 a 2015, nos presenteou com uma personagem divertida e se tornou um dos nosso principais memes nas redes sociais.
Fernanda é elogiada pela crítica e pelo povo. Um feito e tanto.
Seu trabalho em Ainda estou aqui é só a pontinha do iceberg de tanto talento. Estou na torcida pela indicação oficial dela ao Oscar. Se ela ganharia? Não sei.
É um detalhe.
Ela já é estrela.
Ela é a nossa talentosíssima Fernanda Torres.
◖Indicações de livros, matérias, entretenimento, newsletters ou outras coisas
uma música, três newsletters, minha retrospectiva Spotify
◖A Marina Sena lançou a música e clipe Numa Ilha, contracenando com o ator Johnny Massaro. Marina é a minha artista da atualidade favorita, seus clipes sempre entregam muita fotografia, pela qual sou apaixonada. A letra de Numa Ilha, o ritmo, a estética, a performance, a química, tudo muito bem produzido, tudo muito brasileiro, tudo com o gostinho de sal na pele e do álbum De Primeira;
◖A Jade Hurley, da Jade Fax, e o que Sabrina Carpenter tem a ver com a cultura da pedofilia (newsletter em inglês, mas é possível traduzir sem comprometer a interpretação). Segue um trecho:
Paternalismo e desumanização à parte, é claro que esses homens veem mulheres menores como mais preciosas, mais delicadas, mais — ouso dizer — femininas. Mulheres menores e brancas dão aos homens do século XXI um gostinho do Masculino Ocidental: um onde eles são a única coisa entre sua pequena dama e um mundo grande e horripilante. É poder que eles buscam, portanto é poder que Sabrina exerce ao usar sua pequenez para se promover.
◖A Paula Medeiros, da Chicas & livros, e essa entrevista com a Aline Bei. Queria essa frase da Aline num outdoor:
(…) como escritora, é preciso aprender a arte de morrer sem matar.
◖A Yna Marson, da Desejante, e sua vontade de querer acreditar mais em Deus;
◖Na minha retrospectiva Spotify deu Lana Del Rey como artista mais ouvida (óbvio). A música If you leave me now, da banda Chicago, foi a música que mais escutei (ela faz parte da playlist do meu livro juvenil).
◖Na edição anterior de A adulta
falei do filme Pleasure que expõe a perversidade da indústria pornô e das escolhas de uma jovem mulher que quer se tornar uma estrela
◖Você também me encontra aqui:
Até a próxima!
Além de tudo, uma baita escritora. Tô adorando a "fernandatorrezação" das redes, como li por aqui dia desses.... heheheh
fernanda é uma baita artista! que talento assombroso!