Relembrando meus traços de adolescente

Os anos 2000 foram tão barro!

out 18, 2024

No Instagram, há alguns meses, uma trend nos pedia para compartilhar uma foto de quando éramos adolescentes e compará-la com uma de como estamos agora. Claro que para muitas pessoas isso seria um exercício desnecessário, já que muitos não têm boas lembranças dessa época ou não gostavam de suas aparências. Eu, que não costumo participar dessas brincadeiras, compartilhei a única foto que tenho, pois quando adolescente, nunca conquistei o sonho da câmera digital própria e muito menos do celular com câmera — o meu Nokia 1100, meu primeiro celular ganhado aos 15 anos, sobreviveu toda a minha adolescência. Que saco!

A década de 2000 foi a década do penta no futebol brasileiro, do primeiro mandato de Lula e do terrível atendado terrorista às Torres Gêmeas, mas também foi quando surgiu o Orkut (2004) e junto com ele o início de uma nova era nas relações sociais e comportamentais que sequer poderíamos imaginar. E se eu pudesse voltar no tempo, eu criaria a comunidade: ABANDONE A REDE SOCIAL, mas escrito daquele jeito bem eX@gErad0 e colorido como era pelo MSN ou nas salas de bate-papo da UOL. Nos anos 2000 tivemos o auge dos CDs, dos celulares que abriam e fechavam — nunca vou superar não ter tido o V3 pink —, o PC com webcam, modem e internet discada. E como esquecer das Lan Houses, para aqueles que não tinham computador em casa? E o pen drive, o Mp3 Player, as fotos com flash tiradas com a câmera digital e a Tekpix, a filmadora mais vendida do Brasil que nunca vi?

Era um mundo de possibilidades.

Na década 2000 tivemos grandes sucessos como Meninas Malvadas, o livro/filme Crepúsculo, Diário da Princesa, uma parte dos livros e os filmes de Harry Potter, 10 Coisas que odeio em você, Rebelde, a Malhação (a temporada com a Vagabanda) e Gilmore Girls. As incontáveis revistas teens nas bancas com seus temas e testes de namoro, amizade e personalidade, os pôsteres dos nossos artistas favoritos e as fofoquinhas do mundo das celebridades teens.

Nos anos 2000 tivemos casais inesquecíveis como Jennifer Lopez - Ben Affleck e Sandy - Paulinho Vilhena ou os fictícios Júlia e Pedro (Malhação 2002) e Mr. Darcy - Elizabeth Bennet (Orgulho e Preconceito), e teve casais completamente aleatórios como Madonna - Jesus Luz e Leonardo Di Caprio - Gisele Bündchen, e também um casal que nunca existiu: as meninas do T.A.T.U. Nunca irei superar!

Na música, os anos 2000 foi a década das divas do pop e de grandes hinos musicais! Foi de Eminem e seu pesado clipe Cleanin’ out my closet no qual relatava sua infância e juventude ao lado da mãe que ele encenou enterrar à Miriah Carey dando uma resposta ao próprio com Obssessed depois de boatos de que ele teria feito sexo com ela. Tivemos a presença original de Gwen Stefan, Avril Lavigne e P!nk. Foi o beijo triplo de Britney Spears, Christina Aguilera e Madonna (o VMA mais insuperável). Foi a Firgie e sua saída absurda do Black Eyed Peas mas que nos deu Big girls don’t cry, o hino de todas as garotas crescidas que não choram.

Mas…

Se sofrêssemos, havia um inconfundível repertório musical: Na sua estante (Pitty), Too little too late (JoJo), Dias atrás (CPM22), My immortal (Evanescence), Lama (Luxúria), Helena (My Chemical Romance).
Empoderamento? Tínhamos com Can’t hold us down (Christina Aguilera).
Suspirar e sonhar: The Only exception (Paramore).
Sentimentos confusos, de inadequação, identidade, solidão e medo do futuro: In the end (Linkin Park), My sacrifice (Creed), Stop crying your heart out (Oasis), Chop suey (System of a down) e Clint Eastwood (Gorillaz).
E para dançar: o Summer Eletrohits!

A música dos anos 2000 me acolheu, me divertiu, me consolou, me ajudou a entender sentimentos confusos, e para mim, essa foi a melhor época para ser adolescente, apesar das limitações tecnológicas — e graças a elas!

E compartilho aqui também a única foto que tenho dessa época. Meu traços físicos de adolescente e todas as experiências e emoções daquele tempo agora só existem na minha memória e nessa pequena recordação.